Quem não conhece a famosa frase “Só mais cinco minutinhos”? Ela é uma grande aliada de quem ouve o alarme, não encontra forças para sair da cama e espera, em 300 segundos, achar o ânimo necessário para levantar e começar o dia. Bruna Gonçalves, 23 anos, conta com orgulho que dorme muito bem, obrigada. “Eu, simplesmente, deito e durmo sem dificuldade nenhuma. É só fechar os olhos e pronto”, explica a estudante de Nutrição, que sorri ao revelar não enfrentar problemas quanto a isso.

Digo problemas, porque uma boa noite de sono, para muita gente, só existe se houver um milagre. O universitário Victor Eduardo Mauro, 21 anos, tem a insônia como companheira na cama. “Eu tenho problemas para dormir. O estresse do dia a dia, a ansiedade, o excesso de calor são os principais motivos. Eu acordo várias vezes durante a noite. O bom da história é que, quando amanhece, não me sinto mal, ainda bem”, ressalta o estudante de Medicina Veterinária.

Victor faz parte das estatísticas. Uma pesquisa do Instituto do Sono de São Paulo, feita com 1.024 pessoas, revela uma piora da situação. De acordo com o levantamento, atualmente os brasileiros dormem, em média, 1h30 a menos do que há 20 anos. E ainda: 63 % dos entrevistados informaram que dormem aproximadamente 6h30 por noite, mas gostariam que esse tempo fosse de oito horas, no mínimo.

Você já procurou a causa da insônia? O otorrinolaringologista do Otorrino Center, Dr. Jessé Lima, explica que é preciso, em primeiro lugar, saber a origem dessa problemática. “O motivo pode ser um problema ligado ao aparelho respiratório, como ronco e apneia do sono (interrupção momentânea da respiração, que pode durar segundos). Outros fatores podem ser a síndrome das pernas inquietas, transtornos ansioso e neurológico, além da depressão. Pode estar associada ainda à obesidade e à pressão alta. Por isso, não adianta sair medicando porque é necessário fazer o tratamento específico, que vai resultar, depois, num sono tranquilo”, ressalta o especialista.

O médico recomenda mudar alguns hábitos que podem fazer a diferença. “Praticar atividades físicas com frequência, evitar cochilos durante o dia e alimentos pesados antes de deitar são medidas simples e eficientes. Vale também evitar os produtos com cafeína – café, chá, e refrigerantes à base de cola. Outra coisa é o uso excessivo de eletroeletrônicos. Pode parecer besteira, mas as pessoas que passam o dia em frente ao computador e ao celular e, antes de dormir, permanecem usando esses equipamentos têm dificuldades para adormecer”, alerta o Dr. Lima.

Talvez seja por isso que a dona de casa Melissa Carolina Andrade Ornelas, 21 anos, luta tanto para dormir. “Eu só vou voltar à faculdade em julho. E aí passo o dia em casa usando o celular. Fico com ele na mão até tarde da noite. Teve uma época que eu tomei remédio para inibir o apetite e diminuir a ansiedade. De lá para cá, percebi que a minha dificuldade para dormir piorou”, conta Melissa.

Faz sentido a observação da Melissa. Os medicamentos podem alterar o funcionamento do organismo e, consequentemente, comprometer o sono. Podemos citar, como exemplos, os descongestionantes, que parecem inofensivos, mas podem se tornar grandes estimulantes. Outro perigo é a nicotina, acredita? Essa substância encontrada no cigarro e em outros derivados do tabaco pode fazer você rolar na cama e não conseguir pregar os olhos.

A autônoma Luana Mendes Caixeta, 28 anos, já fez de tudo para se sentir uma pessoa normal e cair na cama como um anjo. “Posso estar cansada do jeito que for. Rolo na cama. Aí, quando vejo, já é de manhã. Isso me incomoda, porque durante o dia fico indisposta. É tão ruim que já tomei tranquilizante por conta própria”, admite a jovem.

O otorrinolaringologista alerta sobre os perigos de ingerir medicamentos na tentativa de dar um basta às noites mal dormidas. “Há remédios que podem ajudar o paciente a relaxar e dormir com mais facilidade, mas só o médico pode receitar, principalmente pelo que eu já disse. É necessário descobrir, primeiro, a causa da insônia, para depois escolher o tratamento”, reforça o Dr. Jessé Lima.

Quer mais dicas? Esquecer os problemas do dia, escolher atividades que dão tranquilidade, como ler um livro e ouvir uma música calma, podem ajudar a reduzir a ansiedade e deixar de lado a tensão vivida no trabalho e no trânsito. Outro fator importante é manter o ambiente favorável para encerrar o dia. Na hora de dormir, dê preferência a pouca iluminação, ao mínimo de ruído e à ventilação.

Saiba que dormir é tão importante quanto alimentar-se. Recentemente, a American Academy of Sleep Medicine revelou que esse momento de descanso é um dos segredos para se viver muito e com qualidade.

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Referência em Otorrinolaringologia


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